domingo, 25 de abril de 2010

Uma coisa que eu não consigo perceber é a obsessão de alguns músicos em fazer videoclips em supermercados.

Podiam escolher qualquer coisa, qualquer cenário, qualquer sítio. Podia ser uma praia. Podia ser uma floresta. Uma casa, um deserto, um estúdio, um palco, plena natureza, água...mas não. Claro que um supermercado é muito mais emocionante. Quem é que não adora pegar numa guitarra, ir com ela até ao supermercado mais próximo e começar a dedilhar em pleno corredor de detergentes e produtos de limpeza? E quem é que não acha, no mínimo, comovente, cantar o refrão com o som tilintante das caixas registadoras como música de fundo? E tocar bateria perto da banca da fruta? Só o cheiro... Com a luz branca dos candeeiros suspensos no tecto, os cartazes publicitários de fundo, as colunas em estado degradante que interrompem o jingle de supermercado ou a 'chama-se Sónia Matos à caixa 5. Repito - Sónia Matos à caixa 5..', e rompem numa música de acompanhamento à guitarra...Todas as características são apelantes..

E o que acho mais engraçado é estes vídeos, de uma forma geral, darem imagem a músicas que falam de amor, ou união. E em quase todos, o supermercado inteiro - clientes e empregados - largam a lista de compras, o carrinho, os caixotes com os produtos para reposição, e começam a cantar e a dançar, numa alegria que, na minha opinião, é rara ver nas pessoas nos dias que correm (ai, que expressão..). Parece que são todos atingidos por uma onda de bom humor e compaixão e cantam. E dançam. E dançam uns com os outros. Uns até numa coreografia perfeitamente ensaiada e sincronizada.

É realmente giro ver uma das empregadas a abrir a caixa registadora, a pegar nas notas que lá estão dentro e a atirá-las ao ar como que confetis, enquanto que a senhora das limpezas pega na vassoura e dança com ela. O senhor do talho, com um massivo facalhão na mão, uma perna de porco à sua frente, começa também a dançar, acenando ao ritmo da música com a faca na mão...
Depois há sempre aquelas cenas ridículas, como uma velhinha, toda curvada, que usa bengala para se mover, e, de repente, ao som da música, começa a fazer piruetas, a dançar de um lado para o outro, agarra num funcionário e dança com ele também.

Quem sabe, se um dia mais tarde, SE eu alguma vez conseguir fazer o meu próprio videoclip, se não serei atraída pelas maravilhas dos lacticínios...